Mindufulness

Dgs5wdDWAAAi0n3

Desde meu último post, prometi tentar escrever mais…

Acontece que a Coreia aconteceu. E ela me destruiu. Entrei numa depressão profunda que, em algum momento, quero escrever a respeito mais profundamente, já que não é só de alegrias que vivemos, ainda mais se tratando de uma pessoa bipolar como eu…

Enfim, procurei uma psiquiatra, votei a tomar medicamento – dessa vez, venlafaxina – e desde janeiro tenho alguns altos e baixos. Mas dentre eles, meu alto (em meio a uma crise depressiva) foi começar a fazer yoga. Em casa mesmo, às vezes com aplicativo (Daily Yoga), às vezes com qualquer vídeo do youtube, e fisicamente já me sinto melhor, mesmo que sejam só 15 dias de prática até agora.

Comecei o interesse com um email da empresa dizendo que começariam aulas grátis de yoga toda terça de manhã. Comprei um mat e me animei, mas depois pensei “como uma introvertida como eu vai chegar assim, com o matzinho na mão, entre um monte de gente?“. Então, como a maioria das coisas na minha vida, comecei a praticar em casa mesmo.

As mudanças já são visíveis. Durmo melhor, me sinto mais disposta e minha postura tem melhorado consideravelmente. Comecei, inclusive, a me sentir melhor comigo mesma.

Mas só o corpo não é suficiente, a mente também precisa de cuidados.

Quando voltei à psiquiatra, mesmo tendo conhecimento de que preciso de terapia, disse à ela que não tinha interesse em voltar com esse tipo de tratamento. Fiz então algumas coisas alternativas pra tentar compensar. Estudei mais (também quero escrever sobre minha jornada com o coreano), aproveitei mais meu tempo livre e passei a fazer um acompanhamento do meu humor com um mood tracker. Tudo parece funcionar ok, mas não o suficiente.

Até que, fazendo um dos cursos que a empresa onde trabalho disponibiliza (amo trabalhar nesse lugar), conheci mais do Mindfulness, uma técnica que eu já conhecia, mas nunca tinha me aprofundado. Já tinha baixado o Headspace, mas nunca cheguei a usar de fato.

Então hoje, jogo do Brasil e dia em que trabalho em horário deslocado, comecei o dia com minha sessão de yoga e depois decidi experimentar meus aplicativos de meditação.

Comecei com o Mindfulness Coach, um aplicativo incrível em que você tem um acompanhamento das meditações que faz. Ele explica direitinho o que é o mindfulness, como meditar sem julgamento e cada passo a passo, além da meditação guiada em si. Depois, tem uma série de perguntas que vão servir como um track do seu comportamento com as próximas meditações. A primeira tem um minuto.

Depois, não satisfeita com a sensação maravilhosa que meu corpo experimentou, abri o Headspace e fiz a meditação inicial. Foi tão incrível quanto, me trazendo de volta ao momento quando minha mente começava a devanear.

Por fim, Sminling Mind, um app que te ajuda também com o mindfulness, te perguntando como se sente antes e depois da meditação.

Me senti tão bem que quero continuar, já que desenvolvi imunidade ao ASMR depois de cinco anos usando todos os dias para dormir. O ânimo foi tão maravilhoso que decidi acompanhar meu desenvolvimento físico e mental pelo instagram, no stories mesmo. Mas não foi o suficiente pra alguém que ama escrever e não o fazia há muito tempo.

Quero muito compartilhar essa jornada por aqui também. Sei que não tenho um hábito de escrita e que meu blog de fanfics está jogado às traças (mas terminarei RA!), mas me esforçarei pra continuar!

Enquanto isso, queria dizer que tenho um CuriousCat, se quiser mandar qualquer pergunta, tô por lá todo dia :D

Vamos ver como me saio… até mais!

 

ps: não recebo nada pra indicar os apps, deus me livre disso ser um jabá, mas quem me dera.

Adeus, 2017

E aqui estamos, no último dia do meu ano. Esse ano incrível que me arrebatou de todas as formas possíveis.

Quando penso que, 365 dias atrás, eu olhava para o céu e dizia que este seria meu ano, percebo que não podia imaginar, naquele momento, todas as coisas maravilhosas que me esperavam pela frente. Nem sequer sonhava que poderia realizar um sonho, quem dirá mudar minha vida completamente.

2017 foi meu, de todas as formas. O ano dos 30, o ano das decisões, das ambições, do conhecimento. Me desafiei de todas as formas possíveis, acreditei que seria capaz e transformei tudo em realidade.

Esse ano foi especial por me trazer tantas decepções que me transformaram e fizeram amadurecer. Experimentei a dor de forma crua e isso foi crucial pra minha determinação.

Também me desafiei a aprender coisas novas, como um idioma que é totalmente diferente do meu. Me abri para o desconhecido e isso me trouxe as pessoas que tive o prazer de conhecer e espero levá-las pro resto da minha vida. 

Conheci também o amor, de forma real e intensa, mesmo que ele tenha durado 6 dias. 

Minha viagem, certamente, foi a melhor parte do ano. Passar 30 horas em um avião e ter meu mundo aberto a uma cultura milenar e um povo tão rico foi, definitivamente, uma experiência pela qual sou muito grata e percebo que, aos 30, essa viagem comer, rezar, amar foi o que precisava para encher meu peito de esperança para os anos que virão.

Mas, embora aqueles 20 dias tenham sido maravilhosos, o que me construiu foi a preparação. Não imaginava que seria capaz de tudo o que fiz em poucos meses. Que poderia aprender tanto sobre a vida e sobre eu mesma.

Assim, no último dia do meu ano, percebo que me conhecer melhor foi o melhor presente que pude receber da vida. Perceber que não é sobre o que um ano pode me trazer ou proporcionar, e sim sobre como eu posso conquistar tudo o que tive com minhas próprias mãos.

Ainda temos algumas horas em 2017 e, nesse momento, quero apenas ser grata à vida por tudo o que ela me permitiu. E quando tudo ficou difícil, sou grata a mim mesma por não ter desistido de mim.

Que em 2018 eu continue a me desafiar. Que perceba e renove as forças que tenho, o conhecimento que tenho. Que eu trabalhe cada vez mais forte para conquistar tudo aquilo que quero e sonho pra minha vida.

E que eu prove a mim mesma que não é o ano que faz a diferença, e sim eu mesma.

Meu próximo ano será 2027… Vamos ver o que proporcionarei a mim mesma até lá!
Feliz ano novo!

Adeus, 20

Achei que demoraria mais, mas esse dia finalmente chegou. Hoje dou adeus à casa dos 20. Pra algumas pessoas pode parecer um exagero, contar os dias pra entrar em uma nova década, mas a perspectiva é o que me segura e evita com que eu entre em crise.

Quando estava prestes a fazer 25 anos enfrentei uma crise terrível. Briguei com amigos, me afastei de pessoas que amava, tudo porque não consegui lidar com a frustração de não ter alcançado os objetivos que escrevi para mim mesma quando tinha 15 anos. Eu tinha 5 metas até completar 25 e não conseguira completar nenhuma.

Pensei, então, que aos 30 eu seria capaz de completar. Quem dera, ainda estou bem longe de conseguir falar 5 línguas, mas ao menos consegui me formar na faculdade e estou aprendendo coreano. Não fui pra Argentina ainda, mas ao menos farei, em alguns dias, minha primeira viagem internacional. Não tive independência no quesito moradia, mas a financeira parece mais estável.

Aos 15, eu não tinha a menor noção do que é ser adulto. Aos 20, parecia compreender, mas não percebi que era muito mais do que poder sair sozinha. Aos 25, as responsabilidades começaram a bater e entendi que eu teria que batalhar muito pra conseguir o que quero.

Mas, adivinhe: aos 30 ainda não sei o que fazer da minha vida. E tá tudo bem. Não quero ver isso como um impedimento, um motivo para crises.

Só tenho certeza de uma coisa: sei o que não quero pra minha vida.

Passei os 20 menosprezando as oportunidades e sofrendo por coisas que fugiam ao meu controle. Aos 30, quero apenas ser feliz. Sei que a vida não é fácil e as dificuldades trazem tristezas, mas felicidade não é ausência de tristeza. Felicidade é saber que, mesmo que a tristeza venha, o sol ainda vai raiar e eu não devo desistir.

É triste, em partes, ver a juventude ficar para trás. Não sou mais jovem, as oportunidades começam a escapar e me sinto obsoleta em alguns quesitos da vida. Mas a fase adulta, que finalmente bate em minha porta, certamente me trará frutos que eu não seria capaz de colher enquanto mais jovem. Ao menos não de forma sábia.

Não é que me sinta velha, não me leve a mal. Mas compreendo que a juventude passou e agora meus objetivos, meus desejos, a forma de ver a vida ganha uma nova perspectiva.

Agora a vida me brinda uma nova oportunidade. E vou cuidar para que esses próximos 10 anos sejam plenos.

Dou adeus à casa dos 20, mas abro os braços para receber a idade adulta e finalmente compreender, aceitar e proteger a mulher que me tornei em meio a esse caminho cheio de espinhos.

Aguarde, ainda terei muita história pra contar.

30 pra 30

images

Faltam exatamente 30 dias para meus 30 anos.
Engraçado como no começo de 2017 eu achei que este ano seria O ano, que eu faria tudo o que quisesse e viveria o último ano dos “vinte” loucamente. Hoje, faltando tão pouco pra essa tão esperada data, percebo o quão bobinha fui ao pensar assim.
Em janeiro pensei que o rumo da minha vida seria totalmente diferente. Achei que viveria o amor intensamente, que me apaixonaria loucamente e faria coisas inesperadas pra alguém introvertido como eu. Achei que sairia mais, que rebolaria até o chão e beberia horrores.
Como esperado, ao contrário da expectativa (piada pronta), 2017 trouxe algumas decepções bem intensas, alguns rompimentos bruscos e dolorosos e muito aprendizado. Também foi um dos piores anos da minha vida, se não o pior…
Tantas decepções e perdas que, quando penso sobre, chego a ficar triste por um momento. Não esperamos perder coisas quando estamos no auge da vida, e era este o exato lugar em que estava quando caí. E a queda livre foi de cabeça. Muitas vezes é difícil olhar para trás e dizer adeus ao que se ama. Seja o objeto do amor amigos, amantes, parcerias e até mesmo momentos. Quando nos decepcionamos, mesmo que a vida seja uma grande roleta russa onde estamos sempre à espera deste sentimento, não imaginamos que essa dor possa vir para nos curar.
Foram tantos tapas na cara, tantas coisas ruins que pareço ter ficado mais forte por consequência. Ou menos provida de sentimentos.
Quando analiso meus sentimentos em relação a certos assuntos, percebo que sou como um quadro negro em uma sala escura. Não consigo determiná-los, não consigo compreender o que se passa aqui dentro…
Por outro lado, como nem tudo é ruim, esse ano me trouxe outras coisas.
Reencontros, oportunidades, novos encontros.
2017 me trouxe sonhos que há muito estavam adormecidos e jamais imaginei que poderia realizá-los. Tudo bem que ainda não realizei, mas só não o concretizei ainda porque a data ainda não chegou… mais 34 dias e estarei embarcando para minha primeira viagem internacional!
Esse ano também me trouxe uma paixão há muito esquecida: o aprendizado de novas línguas. Embarquei na saga de aprender coreano e, se considerar o tempo que levo estudando, até que não estou tão mal…
Conforme o tempo passa, percebo que algumas dificuldades servem apenas de impulso para objetivos maiores. Ao escrever isso, noto como, aos poucos, vou fechando um ciclo na minha vida. Como se finalmente estivesse preparada para deixar os “vinte e poucos” anos para trás e me inclinasse para a nova vida que a casa dos trinta tem para mim.
Até ontem, tinha medo por não saber o que quero pra minha vida. Desde muito jovens somos cobrados pela sociedade sobre o que seremos quando crescermos. Já cresci e, mesmo assim, ainda não sei o que fazer, que decisões tomar, como me portar.
Talvez a criança dentro de mim esteja finalmente querendo se libertar da adulta que fui nesses vinte e poucos anos. Talvez a adulta que estou me tornando esteja de braços abertos, pronta para abraçar essa criança inteiror e dizer que tudo bem não saber o que fazer. Pode ser que eu morra com essa dúvida, quem sabe?
Mas, o mais importante, é que nesse último ano de uma fase tão especial, eu aprendi quem eu sou. Do que gosto e do que não gosto… Posso não saber o que quero para minha vida daqui pra frente, mas estou certa do que não quero, e isso é de extrema importância para mim.
Aprendi que adoro minha própria companhia e que ninguém, por mais que eu ame, pode tirar isso de mim ou substituir o que sinto por mim mesma.
Aprendi que, mesmo dentre todas as dores, adversidades e perdas de 2017, os ganhos foram ainda maiores, os sonhos foram finalmente tirados do papel e minha vida ganhou uma direção. Mesmo que não seja o caminho certo a se seguir, é o caminho que escolhi e que pode me fazer feliz.
A compreensão da idade adulta não vem da noite para o dia. Alguns sequer sentem essa transição. Ela demanda tempo, esforço, suor e lágrimas. Ela precisa ser compreendida e aceita, pois de nada adianta saber o que vem por aí e não agarrar isso com todas as forças.
Hoje, faltando 30 dias para os 30, percebo que estou pronta. Preparada, talvez, nem tanto… quando será que estarei preparada?
Ao menos não terei medo. Não mais.
Que venha o que tiver de vir. Vou receber tudo de braços abertos e coração tranquilo.

Crush, por que não me nota?

Sim, um título bem click bait…

Eu, como boa escorpiana, sou uma das pessoas mais passionais que conheço. Me apaixonar é (era) algo muito fácil, principalmente se eu dedicasse tempo para conhecer melhor as pessoas. Observo bastante, e dessa observação, inevitavelmente vem aquela paixão arrebatadora bem típica dos escorpianos.

Acontece que faz 9 meses que não me apaixono, e isso é surreal.

Desde que comecei a perceber as outras pessoas como mais que apenas coleguinhas dividindo a sociedade, me apaixono perdidamente. Na adolescência, cada semana era um crush diferente. Na fase jovem adulta, isso piorou conforme fui me relacionando com pessoas. Quando sofria uma decepção, não demorava muito até outra pessoa tomar o lugar e me fazer suspirar outra vez.

Mas, aparentemente, essa fonte secou. E me fez, mais uma vez, observar as pessoas ao meu redor, principalmente as que, como eu fora, se apaixonam perdidamente.

Essa observação consciente, (quando me apaixonada, ficava totalmente inconsciente e perdida, não percebia nada) me fez perceber o quanto sofremos quando estamos apaixonados.

Como intusiasta da paixão platônica, desde sempre preferi gostar de longe, manter aquela ilusão doce só pra mim, assim as decepções seriam menores, afinal, quem nunca teve aquele crush de ônibus que nunca te notaria? Mas a partir do momento em que você se envolve com alguém e descobre o gosto, o cheiro, a alma daquela pessoa, a falta de reciprocidade acaba nos ferindo. E nos permitimos ferir sem reservas, sem consciência da dor que nos infligimos.

Por que não percebemos o quão nocivo isso é? As pessoas ficam tão embevecidas pela paixão que sequer param para pensar se aquilo é realmente amor, se é algo que deseja levar para o resto da vida. O apaixonado sequer se atenta para os defeitos do outro, ou se os percebe, ignora, transformando o objeto de adoração em uma espécie de deus imaculado…

E permanece se machucando, se ferindo e agonizando enquanto espera o mínimo de atenção da pessoa que se quer.

Quanto disso é apenas falta de percepção causada pela “cegueira da paixão”?

Quanto disso é falta de conhecer a si mesmo e ter amor próprio?

Quando penso nessas coisas, ao observar de longe apaixonados que sofrem à espera, noto que estes últimos nove mezes incapazes de me apaixonar foram os mais lúcidos da minha vida. Percebi tantas coisas a meu respeito, aprendi a lidar com minhas inseguranças e medos e, de quebra, notei que meu amor próprio estava guardado em algum lugar… só não conseguia ver pois estava ocupada demais vendo outra pessoa (que em 99,9% das vezes, não me via).

Se ainda quero me apaixonar? Certamente. Não sei onde minha vida pode me levar nos próximos dias ou anos. Mas, quando isso finalmente voltar a acontecer, quero estar de mente e corações limpos para perceber os sinais. Ao menor indício de falta de reciprocidade, desejo que meu amor próprio sobreponha o desejo de ser amada pelo crush, e me poupe de mais uma cilada emocional.

Amor, quando recíproco, não doi nem machuca ninguém. Pode levar tempo, mas florece quando o alimentamos juntos.

Se toda panela tem sua tampa, não sofra por caçarolas.

Ansiedade

pp35r75

Sabe aqueles dias em que se mover dói, porque você não consegue controlar o que pode acontecer se trocar de posição na cama? Ou quando você espera tanto que algo aconteça, mas por algum motivo, tudo continua estático e essa falta de movimento te desespera? Às vezes a ansiedade funciona assim comigo… essa briga ferrenha entre estar tudo muito quieto ou tudo muito barulhento. Pela falta ou excessividade de acontecimentos.

Quando isso acontece, o corpo inteiro dói. Parece que todas as forças se extinguem, mas ao mesmo tempo todas as mesmas forças querem me empurrar para que eu faça algo, mas a letargia do corpo e da mente acabam por exaurir qualquer esperança de algo bom.

Ando muito ansiosa. O tipo de ansiedade que faz o corpo doer, o estômago roncar, a cabeça não parar de funcionar… O sono chega depois das 1 da manhã, mas vai embora antes das 6… mesmo que a mente não pare, uma hora o corpo começa a falhar pela falta de descanso e a exaustão me afoga de uma maneira que não consigo controlar. Vejo vultos estranhos. Faço  limpezas pela casa às 9 da noite. Tento manter tudo sob controle, mas tudo parece meio atrapalhado, turvo.

Houve um tempo em que planejar ajudava a acalmar esse sentimento. Hoje, planos agravam a sensação de ansiedade. Esperar não ajuda. Os pequenos prazeres que tinha agora parecem me oprimir ainda mais. Tento estudar para passar o tempo, mas a demora na obtenção de resultados me deixa angustiada.

Então penssei… será que voltar a escrever ajudaria?

Ajudou em 2011, foi esse meu grande alívio por muito tempo, mas a faculdade tirou isso de mim. Pode ter sido minha culpa? Talvez, pois trabalhar e estudar deixam qualquer ser humano exausto. Mas estou aqui, tentando recuperar o tempo perdido.

Ainda bem que tenho este blog! E que, mesmo que não escreva com frequência, ainda é uma porta para o desabafo. Mesmo que ninguém leia, mesmo que não tenha importância, ele ainda é um canal para expressar minha alma cansada e ferida.

Espero que essa ansiedade passe. Que eu consiga controlar antes que escale para crises.

Que eu possa ter paz na minha mente. E que talvez este texto possa alcançar alguém que precise dessa mesma paz.

Cada novo dia é um esforço diferente… mas ainda estamos vivos. Há esperança. Que possamos saber como lidar com nós mesmos.

É tudo o que desejo.

Resoluções

2017 tem sido um ano e tanto, apesar de ainda estarmos em Maio. Este ano tem me ensinado muitas coisas e de forma bastante dura, mas não sei ao certo se foram os anos até aqui, ou as circunstâncias da vida, estou ficando mais resistente a algumas dores, sobretudo decepções.

Acredito estar me comportando de forma normal, mas as decepções continuam chegando. E elas não vêm como brisa, vêm como um tufão que arrasta e arrasa tudo o que vê pela frente. Que inocência a minha, decepções não fazem estrago pequeno. Elas são feitas para derrubar, de fato.

Aparentemente as coisas que conquistei e conheci nos meus 29 anos de vida decidiram olhar para mim por cima do ombro, se  virar e caminhar para longe sem ao menos se despedir. Eu não vou me ressentir delas, no entanto.

O que aprendi, e o que realmente importa, é que diante de todas as coisas e principalmente pessoas que me decepcionaram profundamente este ano, me fizeram perceber de fato minha real importância. Que não devo ser importante para os outros, se não para mim mesma.

Acreditar que nesta vida teremos sempre alguém que estenderá a mão em nossa direção é bastante inocente. Não deixo de acreditar nisto, pois tenho ainda pessoas muito especiais que não desistem de mim, mas esperar que todos a quem chamamos de amigos estarão lá, hoje, não passa de uma mera ilusão.

Diante de todas as vezes em que acreditei fazer a diferença para alguém e fui provada ao contrário, me olhei diante de um espelho – mirando minha carne, mas tentando ver a alma – e notei que não estava fazendo diferença alguma para mim mesma.

Até quando vamos nos anular pelo bem alheio?

Colocar-se em primeiro lugar tem sido visto como uma atitude egoísta através dos anos, mas tal comportamento apenas anula pessoas com potencial imenso de alcançar não apenas seus objetivos, mas seus sonhos mais secretos. A lenda do amor próprio, vendida como uma imagem altruísta, precisa voltar a se tornar real. As pessoas precisam olhar para si mesmas com seu devido valor. Não estamos neste mundo apenas para servir aos outros, precisamos servir a nós mesmos…

E como dizia Nina Simone, se o amor não está mais sendo servido, devemos aprender a nos levantar. E este amor não é apenas o amor romântico.

Aprendi a sentar-me na mesa do amor próprio. Beber desta bebida e me embriagar dela. Pessoas são seres mutáveis. Hoje são, amanhã deixam de ser. Eu, enquanto viver, continuarei sendo minha, profundamente.

Assim, ainda que seja apenas Maio e ainda tenha um longo caminho até o final deste ano, que é meu e não desisto, todas as decepções que vivi até agora me fizeram olhar para mim mesma. Fazer mais por mim mesma. Amar a mim mesma. Respeitar meus desejos, minhas vontades…

Me colocar em primeiro lugar não foi minha prioridade quando decidi que este seria meu ano… Mas se tornou, e que esta prioridade não se vá quando os dígitos do ano mudarem.

Me gritaram travesti!

Primeiramente, não gritaram, mas não consigo não me sentir Geni diante de tamanha violência (não, ser chamada de travesti não é violência).

É ridículo ter que escrever isto do alto do meu privilégio cis, mas não posso me calar. Não quando este país é o que mais mata pessoas trans no mundo.

Não é sobre ser uma mulher cis e ser chamada de travesti. É sobre o preterimento, sobre o preconceito, a transfobia, a violência e a solidão de milhares de mulheres trans que, diante da falta de oportunidades, se vêm obrigadas a vender seus corpos para continuar vivendo. É sobre ser vista como algo animalesco, indigno, feio…

“Desculpa, mas você parece um traveco”… A pessoa me diz do alto de sua ignorância e preconceito.

A primeira vez ouvi isso de uma criança. Eu frequentava uma igreja e estava ajudando as professoras da escola dominical. Uma menina me encarou por muito tempo e, quando falei com ela, sua resposta foi “credo, você parece homem”.

A segunda, numa festa, pensei que estava flertando com um rapaz que não parava de me encarar. Quando falei com ele, ele se afastou e disse a um amigo meu que pensou que eu era homem. 

Agora, uma feminista radical me diz que pela minha foto de perfil dá pra ver que sou uma queer nojenta, que pareço “um traveco”.

Essas pessoas acham que me ofendem dizendo isso? Antes da ofensa, que para mim é apenas o uso de um termo pejorativo, vem a dor da solidão de milhares de mulheres trans. Embora o fato de eu ser mulher negra me traga a solidão do preterimento, jamais será a mesma dor do abandono, da marginalização, das incessantes ameaças de morte. Da própria morte.

Até quando vamos virar nossas costas pra isso? Até quando acharemos nomal tratar com tamanha violência seres humanos que têm tantos direitos quanto nós cis temos? Até quando vamos fechar os olhos e usar termos que provocam a morte de pessoas como tentativa de ofensa?

Não é por eu ser confundida com travestis. É pela vida das pessoas trans. É pelo bem estar psicológico de pessoas que querem apenas ser quem realmente são.

Terf, você não me ofende… Ofensa é dividir o mundo com alguém como você.

2017, 30.

Em novembro, quando completei 29 anos, decidi que este seria meu ano. Não esperaria chegar 2017 para isso, visto que este é meu último ano na casa dos vinte e as dezenas estão batendo à minha porta sem qualquer piedade.

Quando janeiro chegou, 2017 deu as caras e notei que estava realmente acontecendo, acho que algo em mim soou um alarme e este alarme continua gritando em meus ouvidos uma frase que sempre teve um grande efeito em mim: “Life is short, I wanna live it well“.

Tento retomar o blog e escrever a respeito desde o começo do ano… Lembro-me do meu presente de 15 anos, meu primeiro computador, e a febre dos blogs naquela época mágica onde este era um canal para meninas que estavam saindo do mundo de diários com cadeado. Sair de um mundinho trancado e ir para a web foi, certamente, um grande passo, e eu não fiquei distante disso, tendo em vista que nesses 15 anos, contabilizei 23 blogs nos mais variados temas.

Visto que estou 4 meses e 23 dias atrasada, espero poder compensar a demora e acabar com essa minha procrastinação viciante. Há tanto a se escrever, tantos planos que adoraria documentar, tanta fanfic pra finalizar e projetos a se colocar na ponta do lápis… O tempo passou e fiquei tão desabituada à escrita que já não estou fazendo nenhum sentido, nem seguindo uma linha de raciocínio.

Enfim, este post é apenas um aquecimento. Uma promessa velada de que voltarei ao mundo da escrita, mesmo que seja apenas para documentar a passagem do tempo neste ano em que completo 30…

Novembro logo está aí e, como não poderia deixar de ser, estou preparando a melhor comemoração possível, pois a mudança de casa decimal é um marco muito especial na vida de qualquer pessoa, principalmente na minha, que valorizo muito o passar do tempo, ainda mais quando há a promessa de mudanças preciosas.

Quero falar mais sobre minhas escolhas e meus medos, sobre as expectativas, as coisas que acreditei que teria alcançado nesta idade, os sonhos que ficaram para trás, os objetivos desta nova fase, a apreensão de não ser mais uma pessoa em seus vinte e poucos.

É muito bom voltar ao blog. Espero que este seja um exercício para que meu principal objetivo enquanto letrista volte à tona… me tornar escritora.

 

O insustentável peso de ficar

Poema de Warsan Shire. Traduzido por Suzani Fernandes.

Não sei quando o amor se tornou uma ilusão
O que sei é que ninguém que eu conheça o tem
Os braços de meu pai envoltos no pescoço de minha mãe
Fruto maduro demais para se comer, uma porta entreaberta
Tudo em que já acreditei desvanece

Vejo os amantes como árvores, crescendo juntas,
se alimentando da mesma luz
O riso de minha mãe em um quarto escuro
Uma fotografia que se apaga em minhas mãos
Tudo o que sei fazer é alimentar a perda e a desilusão
Até que eu me torne cada lembrança ruim
Cada medo
Cada pesadelo que já existiu

Te pergunto se algum dia você me amou
Você responde que sim, mas rápido demais
Soa como outra pessoa.
Pergunto se você é feito de aço, de ferro
Você chora ao telefone, meu estomago dói

Eu deixo você partir… preciso de alguém que saiba ficar.